terça-feira, 10 de março de 2015

Inferioridade?


Uma jovem estudante, conhecida por todos pela sua inteligência generosidade e honestidade, procurou e julgou ter encontrado, um adulto que a compreendesse e capaz de a aconselhar. Entretanto, assim que iniciava alguma conversa, sentia-se inferior, e concluía que, apesar de toda a sua vida se ter esforçado por adquirir o sentido e a razão das coisas, não tinha sequer chegado perto, julgava ela, ao estado de sabedoria do homem que tinha à sua frente.
- Por que razão me estou a sentir tão inferior a ti? Já escrevi muitas vezes textos que considerei belos, consigo partilhar os meus sentimentos e compreender os dos outros, apoio quem precisa de mim, sei que não tenho nada do que me envergonhar. Entretanto, ao ver-te falar, sinto que a minha vida, esta vazia de alguma coisa. Como se lhe faltasse alguma coisa de importante.   
Ele olhou para as palavras que ela exprimiu e disse:                                                                     
- Espera. Assim que eu tiver atendido todos os que me procurarem hoje, eu dou-te a resposta.
Durante o resto do dia a jovem ficou sentada a varanda, reparava na sombra que fazia na sua varanda e na luz da varanda em frente, olhava para as pessoas que entraram e saíam e passavam como se à procura de alguma coisa. Imaginava como o adulto atendia a todos com a mesma paciência e com a mesma disponibilidade que tinha para com ela. Mas o seu estado de ânimo ficava cada vez pior, pois tinha nascido para agir, não para esperar. De noite, quando ele já estava disponível ela insistiu:
- Agora podes-me ensinar?
O adulto pediu que voltasse à varanda e olha-se para o céu. A lua cheia brilhava no céu, e todo o ambiente inspirava uma profunda tranquilidade.
- Vistes como a esta lua, como ela é linda? Ela vai cruzar todo o firmamento, e amanhã o sol tornará de novo a brilhar. Só que a luz do sol é muito mais forte, e consegue mostrar os detalhes da paisagem que temos à nossa frente: árvores, montanhas, nuvens. Tenho contemplado os dois durante anos, e nunca escutei a lua a dizer: por que não tenho o mesmo brilho do sol? Será que sou inferior a ele?

- Que achas tu, algum é inferior ao outro? - Perguntou o adulto á jovem
- Claro que não – respondeu a jovem - Lua e sol são coisas diferentes, e cada um tem sua própria beleza. Não podemos comparar os dois.
- Então, tu sabes a resposta. Somos duas pessoas diferentes, cada qual a fazer à sua maneira  aquilo que o coração e a inteligência lhe dita, e a fazer o possível para tornar este mundo melhor; o resto são apenas aparências.
Apesar da distância, o encontro tinha sido bom para ambos, saíram ambos da NET, desligaram o respectivo PC , e ficaram a pensar o próximo encontro.  

     Hermínio

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